Oxyommata collaris ( Audinet-Serville, 1833 )

Santos-Silva, Antonio, Clarke, Robin O. S. & Martins, Ubirajara R., 2011, Contribuição Para O Estudo Dos Rhinotragini (Coleoptera, Cerambycidae). Iii. Oxyommata Zajciw, 1970 E Novo Gênero Oriundo Da Divisão De Xenocrasis Bates, Papéis Avulsos de Zoologia 51 (10), pp. 179-188 : 181-184

publication ID

https://doi.org/ 10.1590/S0031-10492011001000001

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https://treatment.plazi.org/id/CD0B4C33-BB14-650E-0B92-FCA6FBBFF9A4

treatment provided by

Felipe

scientific name

Oxyommata collaris ( Audinet-Serville, 1833 )
status

 

Oxyommata collaris ( Audinet-Serville, 1833) View in CoL

( Fig. 1 View FIGURAS 1‑5 )

Oregostoma collare Audinet-Serville, 1833:553 View in CoL . Ommata (Oxyommata) collaris View in CoL ; Monné, 2005:494

(cat.).

Fêmea ( Fig. 1 View FIGURAS 1‑5 ): Tegumento castanho-escuro; protórax (exceto extremo distal, que é acastanhado), mesosterno (exceto nas laterais) e procoxas (pelo menos na maior parte) vermelho-alaranjados; cabeça inteiramente preta ou com áreas acastanhadas ou castanho- -avermelhadas; escapo, pedicelo e antenômeros basais pretos; élitros enegrecidos.

Dimensões em mm (♀): Comprimento total, 9,8-10,8; comprimento do protórax, 1,9-2,1; largura anterior do protórax, 1,3-1,4; largura posterior do protórax, 1,4-1,6; largura umeral, 1,6-2,0; comprimento elitral, 5,3-6,0. Macho: “Long. 5 lignes” ( Audinet-Serville, 1833).

Discussão/Tipo, localidade-tipo: A descrição original de Oregostoma collare é extremamente reduzida e não permite a identificação da espécie, principalmente, porque se adéqua perfeitamente a muitas espécies.

O holótipo de Oregostoma collare , originalmente, pertencia à Coleção Dejean. Santos-Silva & Shute (2009) registraram: “Chevrolat acquired the Dejean cerambycid collection after 1845”; e “The Chevrolat collection was divided and sold before his death with the cerambycids coming to the BM(NH) via J. Bowring in 1863”.

De acordo com Sharon Shute (com. pess.): “We have a number of ancient specimens standing over the name O. collaris Serv. None are reliably determined. There is a Fry specimen labelled “fulvicolle ” Dejean, and a Dejean specimen labelled “fulvicolle ” Buquet. There is also a specimen labelled “collaris ?” Serv. nec Dejean”; “Regarding the Ommata collaris we [ BMNH] definitely do not have the type material. There is no Dejean specimen determined as “collare ”; e finalmente, “…I have also included photos of three specimens of “collaris ” (?): 2 ex. Dejean coll., one via Laferte ex. Fry coll. (this specimen has no Dejean label), one via Bowring with Dejean det. label “fulvicolle Buquet ”, and one from the Fry collection which has det. label “collaris ? nec. Dejean” and the Fry det. label “fulvicolle Dejean Cat. .

Em Dejean (1835), constam “ Oregostoma Fulvicolle. Dej. ” e “ Oregostoma Collare Dej. ”. Em Deje- an (1836) as duas espécies também estão listadas no gênero Oregostoma , mas a primeira aparece atribuída a Buquet: “Fulvicolle . Buquet ”. Acreditamos que não há dúvida de que esse espécime seja aquele fotografado por Sharon Shute no BMNH ( Fig. 7 View FIGURAS 6‑9 ) e que entrou nessa coleção via Bowring em 1863 (“is a Dejean specimen that he obtained from Buquet; the registration nº 1863-47 is for the whole of the Bowring/Chevrolat collection” – Sharon Shute, com. pess.). Com relação ao espécime proveniente da coleção Fry, que possui um rótulo indicando que teria origem na coleção Dejean (“Ex. Mus. Dejean”) ( Fig. 9 View FIGURAS 6‑9 ), é impossível saber seu status e se realmente provém da coleção Dejean, principalmente porque, como indicado acima, esse espécime não tem etiqueta do Dejean. Finalmente, o único espécime presente no BMNH e que possui rótulo de identificação como O. collaris ( Fig. 8 View FIGURAS 6‑9 ), aparentemente, não tem origem na Coleção Dejean (“is the only specimen that has a det. label with the name on, the registration 1855-56 says purchased from Stevens (dealer)” – Sharon Shute, com. pess.).

Esses três espécimes depositados no BMNH como Oregostoma collaris , fotografados por Sharon Shute, são fêmeas de uma mesma espécie. De acordo com Audinet-Serville (1833), o único exemplar de O. collaris examinado por ele era um macho e pertencia à coleção Dejean. Aparentemente, O. collaris e O. fulvicolle sensu Dejean e/ou Buquet não são a mesma espécie, porque Dejean manteve as duas nos seus catálogos de 1835 e 1836. Além disso, se os espécimes estivessem presentes na coleção Dejean quando Audinet-Serville examinou-a, é provável que tivesse percebido que pertenciam à mesma espécie, caso realmente esse fosse o caso. No entanto, existem duas possibilidades que poderiam explicar porque Audinet-Serville não teria comentado nada sobre “Fulvicolle ”: a primeira seria que esse(s) espécime(s) teria(m) entrado na Coleção Dejean após a descrição da espécie e/ou exame da Coleção; a segunda seria que Audinet-Serville (e posteriormente, também Dejean) não teria percebido que “Fulvicolle ” era a fêmea de “Collare ”.

A hipótese de que O. fulvicolle Dejean /Buquet não é sinônima de O. collaris é reforçada por um detalhe fornecido por Audinet-Serville (1833), que separou Oregostoma em três grupos, dos quais, O. collaris foi incluída naquele no qual os élitros são “acuminées postérieurement”. As quatro fêmeas de O. fulvicolle aqui figuradas ( Figs. 6-9 View FIGURAS 6‑9 ) apresentam o ápice elitral distintamente arredondado, o que também ocorre no macho dessa espécie ( Fig. 3 View FIGURAS 1‑5 ).

White (1855) transferiu, em dúvida, Oregostoma collare para Rhinotragus Germar, 1824 . Como os três espécimes presentes atualmente na coleção do BMNH, identificados como O. collaris , não estavam nessa coleção em 1855, aparentemente, White (op. cit.) baseou a alocação dessa espécie em Rhinotragus seguindo a sinonímia total de Oregostoma com esse gênero, estabelecida por ele.

Para complicar, Lacordaire (1868), ao tratar de Ommata White, 1855 , transferiu parte das espécies originalmente descritas em Oregostoma para esse gênero ( O. nigripes , O. collare e O. discoideum ) e registrou: “En outre de toutes ces espèces, il y en a plusieurs autres dans les collections, entre autres les Oregost. annulatum, clavicorne, dimidiaticorne et pulchellum de Dejean, toutes du Brésil. Chez une, connue sous le nom de fulvicolle , le pygidium et le dernier segment abdominal réunis forment un cône allongé. Il y en a même chez lesquelles les élytres ne recouvrent plus complétement l’abdomen”. O texto de Lacordaire (1868) sugere que “ O. fulvicolle ” pertencia à coleção Dejean, que ele conhecia pessoalmente, conforme foi atestado em Lacordaire (1830): “…que M. Latreille et M. Le comte Dejean ont bien voulu me donner. Ce dernier a eu non-seulement la bonté de vérifier et de nommer tous les insectes que j’ai rapportés, mais encore son immense collection et as bibliothèque ont été à ma disposition toutes les fois que j’en ai eu besoin”. Nesse caso, os dois espécimes (duas fêmeas) depositados no ISNB, que portam etiqueta de “type” de Ommata fulvicolle Lacordaire, 1868 , não seriam verdadeiros tipos. O verdadeiro holótipo seria o espécime depositado no BMNH ( Fig. 9 View FIGURAS 6‑9 ), proveniente da coleção Dejean. É muito provável que esse, efetivamente, seja o caso, principalmente, porque os espécimes depositados no ISNB correspondem perfeitamente aos espécimes depositados no BMNH com o mesmo rótulo de identificação ( “Fulvicolle ”). Infelizmente, o texto de Lacordaire (1868) não deixa explicito que “fulvicolle ” pertencia a Coleção Dejean.

Zajciw (1963) descreveu Xenocrasis obscuripennis que foi sinonimizada por Monné & Martins (1974) com Ommata fulvicolle Lacordaire, 1868 e esta, transferida para o gênero Xenocrasis Bates, 1873 . Monné & Martins (1974) também designaram como lectótipo uma das fêmeas depositadas no ISNB. Dessa forma, os três espécimes depositados no BMNH seriam X. fulvicollis e não Oregostoma collaris .

Zajciw (1970) erigiu Ommata (Oxyommata) para alocar Oregostoma collare Audinet-Serville , baseado em um espécime coletado no Brasil (Espírito Santo). É possível que a verdadeira Oregostoma collare não corresponda a Oxyommata collaris . No entanto, sem o exame do holótipo não é possível ter certeza e, dessa forma, julgamos coerente manter conforme proposto por Zajciw (1970).

Zajciw (1970) escreveu sobre a escultura elitral: “superfície dos élitros finamente chagrinada, com pontos finos, não muito densos…”. Na verdade, a pontuação elitral é grossa, bem marcada e abundante.

Zajciw (op. cit.) registrou ainda: “Localidade típica: Brasil, Estado do Espírito Santo, município Linhares, Reserva Biológica «Soóretama »”; e “ Alótipo fêmea X.67 (F.M. Oliveira leg.), na coleção Campos Seabra”. Essas duas designações não são permitidas pelo ICZN (1999) e, igualmente, não eram permitidas pelo ICZN (1964), vigente na época das designações e, portanto, são atos nulos.

Noël Mal ( ISNB) enviou-nos fotografias de três espécimes depositados no ISNB, identificados como Ommata collaris . Esses três espécimes são fêmeas que correspondem perfeitamente a Xenocrasis fulvicollis ( Lacordaire, 1868) . É provável que esses espécimes sejam provenientes da ex-Coleção Lacordaire, mas infelizmente, eles portam apenas rótulo de procedência: “ Brésil ”.

Material examinado: BRASIL, Espírito Santo: Linhares (Parque Soóretama), 1 ♀ (“ alótipo ”), X.1967, F.M. Oliveira col. ( MNRJ, ex-Coleção Campos Seabra ); 1 ♀, X.1972, P.C. Elias col. ( MZUSP) .

Notas sobre a autoria de Oregostoma

Lacordaire (1830) foi o primeiro a mencionar o gênero Oregostoma , atribuindo sua autoria a Lepeletier & Audinet-Serville e sinonimizando como ele parte do gênero Stenopterus Illiger, 1804:120 : “Les Oregostoma ressemblent, à la première vue, à de petits Stenopterus , et se trouvent assez communément au Brésil, sur les feuilles et le tronc des arbres. Leur démarche est très-agile, et ils volent bien, surtout pendant la grande chaeleur du jour. Ils produisent um bruit aigu avec le corcelet. O. bi-notata, nigripes , annulata , maculicornis , ejusd., N. Sp. ”.

Oregostoma View in CoL não havia sido utilizado formalmente em nenhum trabalho anterior, conforme Lacordaire (1830) indicou: “Je suivrai, pour les genres, les coupes nombreuses créées par MM. Lepelletier [sic] de Saint- -Fargeau et Serville, qui sont spécialment occupés de ces insectes; et, comme leur travail est encore inédit, je rapporterai tous ces genres à ceux du Catalogue de M. Le comte Dejean, lorsque cela sera possible”. Como em Lacordaire (1830) o gênero não foi associado a nenhuma espécie previamente conhecida na época e não foram fornecidas características morfológicas do gênero, ou seja, uma descrição do táxon, Oregostoma View in CoL não pode ser atribuído a esse autor [ ICZN (1999: Artigo 12)], conforme ocorre com outros gêneros nessa obra ( Bousquet, 2008; Bousquet et al. 2009).

Das espécies mencionadas por Lacordaire (1830) (O. bi-notata, nigripes View in CoL , annulata View in CoL , maculicornis View in CoL ), apenas Oregostoma nigripes Audinet-Serville, 1833 View in CoL foi formalmente descrita. Apesar de Lacordaire (1830) ter registrado que os nomes genéricos utilizados correspondiam, sempre que possível, aqueles do catálogo de Dejean, Oregostoma View in CoL não aparece na primeira edição do catálogo de Dejean (1821). Nesse catálogo, os nomes “bi-notata” e “nigripes View in CoL ” aparecem associados ao gênero Leptura Linnaeus, 1758 View in CoL , “maculicornis View in CoL ” relacionada à Leptura View in CoL e Saperda Fabricius, 1775 e View in CoL o nome “annulata View in CoL ” não aparece associado a nenhum gênero de Cerambycidae View in CoL . No entanto, todos esses nomes aparecem em Dejean (1835, 1836) associados à Oregostoma View in CoL e atribuídos ao próprio Dejean: “Binotatum; Nigripes; Annulatum; Maculicorne”. Em Dejean (1835) foram incluídas duas espécies em Oregostoma View in CoL , ambas provenientes do Brasil, mas das quais não conseguimos obter nenhuma informação, ou seja, aparentemente não formalmente descritas: “ Gracile. Falderman” e “ Fasciatum View in CoL . Mannerheim”.

Em vista do exposto, Oregostoma deve ser atribuído a Audinet-Serville (1833), embora permaneça uma dúvida: onde Lacordaire (1830) obteve o nome que atribuiu a Lepeletier & Audinet-Serville.

MNRJ

Museu Nacional/Universidade Federal de Rio de Janeiro

MZUSP

Museu de Zoologia da Universidade de Sao Paulo

Kingdom

Animalia

Phylum

Arthropoda

Class

Insecta

Order

Coleoptera

Family

Cerambycidae

Genus

Oxyommata

Loc

Oxyommata collaris ( Audinet-Serville, 1833 )

Santos-Silva, Antonio, Clarke, Robin O. S. & Martins, Ubirajara R. 2011
2011
Loc

Oregostoma collare

MONNE, M. A. 2005: 494
AUDINET-SERVILLE, J. G. 1833: 553
1833
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