Paramecocephala Benvegnú, 1968

Frey-da-Silva, Angélica, Grazia, Jocélia & Fernandes, José Antônio Marin, 2002, Revisão do gênero Paramecocephala Benvegnú, 1968 (Heteroptera, Pentatomidae), Revista Brasileira de Entomologia 46 (2), pp. 209-225 : 210-212

publication ID

https://doi.org/ 10.1590/S0085-56262002000200013

DOI

https://doi.org/10.5281/zenodo.8388253

persistent identifier

https://treatment.plazi.org/id/0397F82A-CE59-FF10-CD41-98964B8EFEDB

treatment provided by

Valdenar

scientific name

Paramecocephala Benvegnú, 1968
status

 

Paramecocephala Benvegnú, 1968

Paramecocephala Benvegnú, 1968: 87 .

Espécie-tipo: Paramecocephala foveata Benvegnú, 1968, por monotipia.

Descrição. Tamanho variando de pequeno (11,15 mm) a grande (19,37 mm). Forma geral do corpo ovalada. Superfícies dorsal e ventral levemente convexas. Superfície dorsal do corpo densamente pontuada, pontuação profunda, negra a castanhoescura. Superfície ventral com pontuação negra. Pernas sem pontos, tíbias sulcadas dorsalmente.

Cabeça subtriangular, mais longa que larga, exceto em P. bachmanni Frey-da-Silva & Grazia sp. nov., onde émais larga que longa. Clípeo mais longo e maiselevado que as jugas, com ápice arredondado e intumescido, podendo ou não apresentar sulcos transversais dando a impressão de enrugamento. Região em “W” na base do clípeo sem pontos. Jugas defletidas e convergentes apicalmente; margens laterais sinuosas. Olhos castanhos a enegrecidos. Ocelos avermelhados. Tubérculo antenífero visível dorsalmente, com pequeno espinho dirigido lateralmente. Primeiro artículo antenalnão ultrapassando oápice da cabeça. Proporção dos artículos antenais: terceiro e quarto subiguais em comprimento, mais longos que o primeiro; esse mais longo que o segundo, sendo o quinto o mais longo de todos. Búculas evanescentes posteriormente. Rostro longo, ultrapassando em comprimento a margem posterior do IV urosternito, com exceção de P. bachmanni sp. nov. cujo rostro ultrapassa a margem posterior do III urosternito. Primeiro artículo do rostro não ultrapassando as búculas. Segundo artículo levemente achatado lateralmente. Pronoto trapezoidal, aproximadamente duasvezes emeia mais largoque longoentre os ângulos umerais. Declividade do pronoto variável nas espécies. Ângulos ântero-laterais em dente de ponta romba, dirigidos lateralmente, ultrapassando os olhos lateralmente. Margens ântero-laterais variando de sub-retilíneas a levemente côncavas, serrilhadas, crenuladas ou lisas. Margens pósterolaterais sinuosas e margem posterior sub-retilínea. Ângulos umerais não desenvolvidos, levemente intumecidos dorsalmente. Cicatrizes concolores; presença ou não de manchas calosas atrás das cicatrizes. Pontuação negra, densa e uniforme. Área evaporatória metapleural enegrecida, ocupando dois terços da largura da metapleura, estendendose até a mesopleura, não atingindo a margem lateral do tórax, levemente mais elevada que o terço lateral externo; esse, levemente intumescido. Mesosterno e metasterno recobertos por uma fileira longitudinal de pêlos brancos a dourados; mesosterno com uma carena mediana baixa; metasterno com sulco raso mediano. Ruga ostiolar clavada, com aproximadamente 1/3 da largura da metapleura. Escutelo com comprimento e largura subiguais. Ápice do escutelo arredondado, alcançando amargem anterior do Vsegmento do conexivo; margens laterais sinuosas. Base do escutelo com manchas calosas; ângulos basais apresentando pequenas escavações negras até fóveas profundas, excepcionalmente grandes em P. foveata. Cório atingindo a margem anterior do VI segmento do conexivo, uniformemente pontuado, com pontos menores e mais rasos que no restante do corpo. Calo do ápice da veia Rádio variando no tamanho e na cor. Membrana do hemiélitro castanhas. Conexivo exposto, concolor ou não ao corpo, com pontuação mais rasa do que no restante do corpo, concolor ou não. No limite do terço externo longitudinal dos segmentos do conexivo, presente um calo castanho a enegrecido. Ângulospóstero-laterais arredondados, não produzidos. Abdome ventralmente com sulco mediano raso, de extensão e coloração variadas. Margens látero-ventrais do abdome de coloração variada. Espiráculos enegrecidos, presentes do II ao VII urosternitos. Tricobótrios presentes do III ao VII urosternitos, situados um de cada lado da linha imaginária que tangencia os espiráculos, com exceção de P. foveata, ondeos tricobótrios localizam-se externamente a esta linha. Região calosa presente em torno dos espiráculos.

Genitália do macho. Pigóforo de contorno quadrangular, cápsula genital globosa, abertura da taça genital dorsoposterior. Bordo dorsal (bd) escavado em diferentes graus. Terço mediano do bordo dorsal delimitado por pequenas concavidades ( Fig. 14 View Figs ). Ângulospóstero-laterais escavados, arredondados ou agudos, levemente desenvolvidos. Bordo ventral (bv) subdividido em dois folhetos, um superior (fsbv) e outro inferior (fibv); folheto superior escavado ou não medianamente, projetando-se dorsalmente em 1+1 estruturas globosas, localizadas uma de cada lado do segmento X; folheto inferior projetadopóstero-ventralmente, com ou sem projeções espiniformes medianas. Região do bordo ventral entre os folhetos superior einferior variavelmente escavada, com estrias transversais dando a impressão de enrugamento. Segmento X (X) oval, ápice arredondado, com carena mediana dorsal subtriangular ou carena basal em “U”, como em P. guianensis sp. nov. Parâmeros muito reduzidos, geralmente encobertos pelas estruturas globosas formadas pelo folheto superior do bordo ventral. Phallus mais longo que largo, cilíndrico. Aparelho articular simples, com um par de conectivos dorsais (cd) curtos e processus capitati (pc) bem desenvolvidos. Phalloteca (ph) com 1+1 processos ventrais, medianos, mais curtos do que os processus conjuntivae 1 (prcj1). Conjuntiva (cj) bem desenvolvida com dois pares de processos: 1+1 processus conjuntivae 1 ventrais, digitiformes, divergentes e curvados dorsalmente; 1+1 processus conjuntivae 2 (prcj2) látero-dorsais com ápice esclerosado uni- a tri-ramificado, essa última ramificação correspondendo às intumescências da conjuntiva junto à base da vésica (v). Vésica membranosa, dorsalmente em forma de escudo e ventralmente em colar envolvendo a base do ductus seminis distalis (dsd), apicalmente projetada em 1+1 pequenos processos. Ductus seminis distalis muito longo, helicoidal, dirigido ventralmente.

Genitália da fêmea. Placas genitais pontuadas. Gonocoxitos 8 convexos (gc8); bordo posterior e bordos suturais dos gonocoxitos 8 de forma variada, de acordo com a espécie; ângulos suturais arredondados, desenvolvidos ou não. Bordos posteriores dos laterotergitos 8 (la8) em ângulo agudo, arredondados ou sub-retilíneos, ultrapassando ou não em comprimento os laterotergitos 9 (la9). Laterotergitos 9 espatulares, ultrapassando a banda que une dorsalmente os laterotergitos 8. Segmento X (X) retangular. Gonocoxitos 9 (gc9) com margem anterior projetada em 1+1 braços dirigidos anteriormente, atingindo ou ultrapassando a base dos laterotergitos 9. Gonapófises 9 (g9) com 1+1 espessamentos secundários em “L” invertido. Chitinellipsen (ch) presentes, com diâmetro subigualou menorque o maiorcomprimento dos espessamentos secundários das gonapófises 9. Espessamento da íntima vaginal (eiv) subtriangular. Ductus receptaculi (dr) longo e fortemente enovelado na região posterior à área vesicular; região anterior também longa e ocasionalmente enovelada. Capsula seminalis (cs) arredondada, destituída de dentes, menor do que a pars intermedialis (pi). Crista anular anterior (caa) e crista anular posterior (cap) paralelas.

Comentários. Paramecocephala aproxima-se de Mecocephala e Tibraca . Paramecocephala compartilha com Mecocephala os seguintes caracteres: clípeo mais elevado que as jugas, rostro longo, presença do sulco abdominal e margens ântero-laterais do pronoto variáveis; e com Tibraca : metasterno com sulco raso mediano. Os três gêneros também apresentam relativa semelhançaemrelação à morfologia da genitáliainterna e externa de ambos os sexos. Paramecocephala distingue-se de Tibraca pela presença do sulco abdominal, e de Mecocephala , pelas seguintes características: comprimento da cabeça menor que uma vez e meia alargura da cabeça, margens laterais das jugas sinuosas, ângulos póstero-laterais do pigóforo escavados e gonocoxitos 8 fortemente convexos; em Mecocephala o comprimento da cabeça corresponde a pelo menos uma vez emeia alargurada cabeça, margenslaterais das jugas sub-retilíneas, ângulos póstero-laterais do pigóforo não escavados e gonocoxitos 8 apenas levemente convexos.

Distribuição. Ogênero Paramecocephala éexclusivamente neotropical, tendo seis espécies com registro no componente sudeste e apenas duas com registro no componente noroeste da Região Neotropical ( AMORIM & PIRES 1996). P. australis sp. nov., P. bachmanni sp. nov., P. bergrothi sp. nov. e P. uruguayensis ( Pirán, 1970) estão restritas ao sul do Brasil, Uruguai e norte da Argentina. P. subsolana sp. nov., representada por apenas quatro exemplares procedentes da Bahia, Espírito Santo e São Paulo, tem sua distribuição provavelmente relacionada à Mata Atlântica. P. foveata Benvegnú, 1968 está representada por apenas dois exemplares, um de Minas Gerais e outro da Chapada dos Guimarães (Mato Grosso). Finalmente, P. fusca ( Haglund, 1868) e P. guianensis sp. nov., que também estão representadas por um pequeno número de exemplares, com distribuição no componente norte amazônico ( AMORIM & PIRES 1996), sendo que P. fusca ( Haglund, 1868) tem registro para o Suriname, Equador e Brasil, nos estados do Amazonas e Pará, e P. guianensis sp. nov. com registro na Guianae Guiana Francesa ( Figs. 1, 2 View Figs ).

Chave para as espécies de Paramecocephala

1. Cabeça mais longa do que larga; bordo posterior dos gonocoxitos 8 nãoformandoumsemicírculo ..............2

Cabeça mais larga que longa ( Fig. 4 View Figs ); bordo posterior dos gonocoxitos 8 formando um semicírculo ( Fig. 52 View Figs ) .................................................. P. bachmanni sp. nov.

2 (1). Rostro nãoultrapassando o Vurosternito .................... 3

Rostroultrapassando o Vurosternito ........................... 6

3 (2). Laterotergitos 8 nitidamente projetados em ângulo agudo, ultrapassando, em muito, os laterotergitos 9 ( Fig. 56 View Figs ). Segmento Xdo macho côncavo, com carena basal em “u”; folheto inferior do bordo ventral do pigóforocom nítidos espinhos muito próximosentre si ( Fig. 15 View Figs ) ................................... P. guianensis sp. nov.

Laterotergitos 8 não desenvolvidos em ângulo agudo, porém podendo ultrapassar os laterotergitos 9. Segmento X do macho com carena mediana subtriangular; folheto inferior do bordo ventral do pigóforo sem ou com projeções espiniformes, neste caso afastadas numa distância igual a largura do X segmento ...................................................................... 4

4 (3). Folheto inferior do bordo ventral do pigóforo destituído de espinhos ( Fig. 11 View Figs ); bordo posterior dos gonocoxitos 8 sutilmente côncava no terço mediano ( Fig. 51 View Figs ) ........................................... P. australis sp. nov.

Folheto inferior do bordo ventral do pigóforo com projeções espiniformes; bordo posterior dos gonocoxitos 8 sinuosaou sub-retilínea .................. 5

5 (4). Estruturas globosas do folhetosuperior do bordo ventral do pigóforo curtas, alcançando a metade do segmento Xe nãoencobrindo os parâmeros em vista dorsal ( Fig. 14 View Figs ); bordo posterior dos laterotergitos 8 em ângulo agudo, pouco ultrapassando os laterotergitos 9, esses arredondados no ápice ( Fig. 55 View Figs ) ............................................ P. fusca ( Haglund, 1868)

Estruturas globosas do folhetosuperior do bordo ventral do pigóforo longas, atingindo os processos dos ângulos basais do X segmento, encobrindo parcialmente os parâmeros em vista dorsal ( Fig. 17 View Figs ); bordo posterior dos laterotergitos 8 sinuoso, subigual aos laterotergitos 9 em comprimento, estes subtruncados noápice ( Fig. 58 View Figs ) ............................... .......................................... P. uruguayensis ( Pirán, 1970)

6 (2). Rostro atingindo o meio do VII urosternito; ângulos basais do escutelo com profundas fóveas negras ............................................ P. foveata Benvegnú, 1968

Rostro alcançando o meio do VI urosternito; ângulos basais do escutelo com apenas pequenas escavaçõesnegras ..................................................... 7

7 (6). Coloração geral castanho-amarelada; pernas castanhas; margens laterais do abdome amareladas; placas genitais da fêmea castanhas, pontuação negra; bordo dorsal do pigóforo destituído de processos ( Fig. 16 View Figs ) ......................................... P. subsolana sp. nov.

Coloração geral castanho-avermelhada a ferrrugínea; pernas sanguíneas; abdome uniformemente ferrugíneo; margens laterais do abdome avermelhadas ou concolores; placas genitais da fêmea ferrugíneas, pontuação concolor; bordo dorsal do pigóforo com 1+1 processos medianos enegrecidosprojetados sobre a base do Xsegmento ( Fig. 13 View Figs ) ........................................ P. bergrothi sp. nov.

Kingdom

Animalia

Phylum

Arthropoda

Class

Insecta

Order

Hemiptera

Family

Pentatomidae

Loc

Paramecocephala Benvegnú, 1968

Frey-da-Silva, Angélica, Grazia, Jocélia & Fernandes, José Antônio Marin 2002
2002
Loc

Paramecocephala Benvegnú, 1968: 87

Paramecocephala Benvegnú, 1968: 87
GBIF Dataset (for parent article) Darwin Core Archive (for parent article) View in SIBiLS Plain XML RDF